terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Hotel Golfinho


O Hotel Golfinho, situado nas proximidades do centro histórico de Lagos, ostenta uma das vistas mais cobiçadas, da que já foi considerada a praia mais bela do mundo pela revista espanhola Condé Nast Traveller, a Praia Dona Ana.

Segundo o antigo Chefe de Animação do complexo, José Eduardo Gonçalves, "o Hotel Golfinho encerrou as portas em Janeiro de 2003 [...] Belmiro de Azevedo, através da Sonae Turismo, ficou com o Hotel aquando da aquisição da Torralta, CIF por um valor simbólico, tendo existido de facto um projecto para recuperação e reconversão dessa unidade hoteleira de referência, projecto esse que nunca foi para a frente. O Hotel veio a ser vendido passados alguns anos e continuou sem nada acontecer. O Hotel Golfinho tinha dupla cave, sendo que no Piso -2 se encontrava a Garagem, Zona técnica e Lavandaria, no Piso -1 estavam 3 Salas de Conferências que estavam interligadas, um Bar de apoio às conferências e o Departamento de Animação e Sala de Jogos/Sala Polivalente, também um Bowling com 4 pistas e uma zona com Bilhares e Snookers, existiam também várias pequenas lojas ou espaços de exposição há muito desactivados e um outro Bar de apoio à zona de Jogos. A discoteca situava-se no R/C e entrada era pelo exterior ou descendo as escadas situadas no 1º Piso, junto ao Bar. A Discoteca chamou-se John's Disco durante muitos anos, mas nos anos finais mudou a sua denominação para Akkua Disco."





 Apresentando-lhe uma das fotografias retiradas no local, acrescentou ainda que "Na foto em questão pode ver-se uma parte da Sala Polivalente do Piso -1, local decorado como se de uma Praceta rústica e tradicional se tratasse, lá se realizaram arraiais, eventos gastronómicos e sobretudo actividades de animação para miúdos e graúdos, tais como ginástica, torneios de Jogos de Mesa, Lições de dança, Line-dancing, etc. [...] nem imagina a vida que aquele Hotel tinha e tudo o que lá se realizou... Arraiais de Verão, Marchas populares, Música ao vivo diariamente, Espectáculos variados, Festas temáticas, Reveillons como nunca se viu, nem se vê na cidade. Para além da minha função de responsável pelo departamento de Animação e eventos, colaborei nos últimos anos em que lá trabalhei, com o Departamento Comercial da Sonae Turismo, tendo feito contactos porta a porta com Agências de viagens em Espanha, vendendo as unidades da Sonae Turismo, Algarve, Tróia e Porto e de todas as agencias visitadas, desde a Corunha, passando por Santiago de Compostela até Vigo, de Salamanca e Tordesilhas até Valladolid, e por todo o lado onde passei, por largas dezenas de agências, não encontrei nenhuma em que o Hotel Golfinho não fosse sobejamente conhecido, não tivesse uma excelente reputação e na maioria dos casos até já por aqui tinham passado, conhecendo esta unidade de imenso prestigio de forma presencial."

Questionando o possível motivo de fecho e o porquê do hotel ter sido vendido ao desbarato, José Eduardo Gonçalves afirma que "O Hotel pertencia à Torralta, CIF outrora o maior grupo Hoteleiro do país e empresa bastante promissora, sendo mesmo os grandes precursores do Alojamento Turistico de massas no nosso país, tendo 3 zonas geográficas de grande implantação, a Serra da Estrela, Tóia e o Algarve, nomeadamente Alvor como o grande centro e Lagos complementando. No pós 25 de Abril começaram a sentir-se as primeiras dificuldades, sendo acumuladas dividas, somados litigios com os accionistas e porventura sido vitima de uma gestão familiar pelo menos questionavel o que causou uma situação insustentavel de dividas e falta de cumprimentos. O Eng. Belmiro de Azevedo acabou por resolver a situação pagando um valor simbólico pela aquisição do grupo, assumindo o passivo e salvando o Império da derrocada total e absoluta, contudo a Sonae Turismo foi criada para desenvolver toda uma área desconhecida pelo Império Sonae, Reis das vendas a retalho, principes da celulose e das telecomunicações moveis, com conhecimentos em várias áreas de negócio, mas profundos desconhecedores do negócio do Turismo, principalmente do Alojamento turistico e áreas que o complementam..."

















sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Quinta de Paio Correia


A actual Quinta de Paio Correia é resultante da junção de duas antigas quintas, de seu nome “Casais das Pontes” e “Galegueira”. A casa senhorial que podem visualizar nas fotografias encontra-se no terreno que, outrora, era designado de “Casal da Galegueira”. Esta casa, habitada por diversos anos pela família Moura Borges é, no tempo presente, propriedade pertencente à família do Dr. Brito Paes, desde que a quinta foi comprada pelo seu bisavô em 1953/1954.

As notícias inicialmente encontradas acerca desta quinta datam do século XVIII, com uma sucessão de proprietários da mesma família, até à data próxima de 1875, altura em que a família Moura Borges tomou posse da mesma. Foi então, no ano 1900, que terá sido construída a casa senhorial. “Assumindo-se como centro de uma vasta exploração agrícola, esta casa revela o prestigio da família que a adquiriu, quer pela estrutura construtiva adoptada (edifício de três pisos), quer pelo investimento na sua decoração, incluindo bons conjuntos de azulejos pintados à mão, quer ainda pelos excelentes jardins que a rodeiam, a partir dos quais se espraiavam os vinhedos” (FONTES, João, “A dos Cunhados Itinerários da Memória”, 2002, pág. 444).

Entre 1900 e 1940, os eventos culturais realizados na quinta, as récitas que eram feitas diariamente por um padre que lá residia (segundo uma residente), e o facto de ser um centro de produção vinícola de relevo, fizeram dela um espaço de lazer e de convívio para as gentes que habitavam as povoações mais próximas. “Contudo, a má gestão e contracção de dividas por parte de herdeiros acabaram por obrigar à venda da propriedade ao banco Borges & Irmão, tendo actualmente outros proprietários. O edifício encontra-se hoje bastante arruinado e os espaços envolventes a necessitar de um maior cuidado.” (FONTES, João, “A dos Cunhados Itinerários da Memória”, 2002, pág. 445)

Segue-se um excerto retirado de uma tese desenvolvida por António Borges Vinagre, relativamente a uma futura exploração agropecuária da Quinta de Paio e Correia:
“No reinado de D. Afonso III, o abade e prior do Convento do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, do Arcebispado de Braga, trocou com aquele monarca propriedade que o dito mostero tinha nos termos de Lisboa, Alverca, Torres Vedras, Alenquer, Santarém e Leiria, por propriedades que o monarca tinha no arcebispo de Braga, Cabeceiras de Basto, etc. Chamava-se o referido abade e prior Payo Peres Correia, que, presumivelmente, teria dado o nome a esta quinta. Esta propriedade passou mais tarde para a posse da Casa Lavradio. Com o andar dos tempos, esta Casa […] viu-se obrigada a largar de mão esta quinta [...] foi comprada então ao 5º Marquês do Lavradio por João Moura Borges, que a esta quinta juntou, mais tarde, os Casais das Pontes e da Galegueira e vários pinhais. Durante duas gerações, esta propriedade foi pertença de sua família, a qual embora possuísse também largos haveres em Lisboa, em pouco tempo se viu arruinada, devido à má administração dos seus descendentes. Finalmente, os netos de Moura Borges viram-se obrigados a deixar ir a quinta à praça. E assim, a actual sociedade proprietária, que emprestara dinheiro a Moura Borges, com base na hipoteca da propriedade, arrematou-a em haste pública, em 27 de Novembro de 1932. “














Fotografia datada de 1918 (traseiras):

(Fonte: https://www.facebook.com/TorresVedrasAntiga/photos/pb.1633298730220588.-2207520000.1449099741./1661838510699943/?type=3&permPage=1 )



Fotografia datada de 1955:

domingo, 22 de novembro de 2015

Discoteca Horta 2


Após um breve período de pausa, por razões maiores, trago-vos o que, em tempos, foi considerado paragem obrigatória nas noites algarvias. Atingindo o pico nos anos 70 e 80, a discoteca Horta 2 era estimada como sendo um chamariz, visitada por pessoas vindas de todo o lado, "para dançar ao som dos ABBA". Segundo consta, antes de ser uma discoteca, este espaço era uma casa particular, com moinho, habitada por um casal. Para completar todo este esplendor, nas traseiras da mesma, podemos desfrutar de um por do sol soberbo sob um braço do rio Arade, que se estende ao longo da Horta 2.

Não encontrei qualquer informação acerca da data e o motivo do fecho, mas presume-se que exista ou existisse algum interesse no seu reaproveitamento, visto terem dado inicio a obras de restauro, que entretanto ficaram embargadas. Mais uma vez, desconhecendo a razão de tal.












 Segue uma foto retirada da Web, postada em 2011, apesar de não ter como confirmar, com exactidão, a data em que a mesma foi retirada:

Fonte: http://olhares.sapo.pt/horta-2-foto4702358.html

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Hotel Netto

Como não poderia deixar de ser, e há muito já faltava, deixo uma marca do que foi um dia, um dos hoteis mais afamados de Sintra. Situado em pleno centro histórico da Vila de Sintra, encontra-se o edifício do antigo Hotel Netto, construído no século XIX, em avançado estado de degradação, consequência de décadas de abandono. Existem registos de que, a 3 de Setembro de 1989, o hotel ainda estava activo, devido a uma noticia publicada no jornal correio de Cintra, que dá conta de que ali terá ocorrido um incêncio  “(…) devido ao descuido de uma criada que engomava. Foi extinto pelo pessoal com o auxilio dos bombeiros…” (Azevedo, 1998, p.355). Vim a descobrir que, numa publicação periódica sintrense (jornal O Grilo), existe uma referência, de 1925, a dois proprietários do hotel netto - Romão Garcia Vinhas e José Lopes Alves, os dois de origem galega, sendo que o segundo tomou posse do imóvel por falecimento do primeiro.

Sabe-se, também, que o Hotel Netto foi, em tempos áureos, o local de excelência do escritor Ferreira de Castro para explorar os seus momentos de produção literária, local esse que escolheu residir durante 12 anos.





A 1 de Agosto de 1937, o Jornal de Sintra publicou uma noticia relativamente ao Hotel Netto, elogiando o conforto que apresentava nessa altura, após mudança de gerência "Nestes melhoramentos andou o fino gosto do arquitecto, nosso amigo Sr. Norte Júnior que mais uma vez não deixou os seus honrosos créditos por mãos alheias". O cronista deu continuação ao seu encómio: "A par das dezenas e dezenas de quartos e dos chics «appartments», de janelas rasgadas olhando a luxuriante Serra de Sintra, os prados e vergeis, o mar e a maneira bizarra das povoações limítrofes e por aí fora até ao Convento de Mafra, tudo no Hotel Netto constitui o que se chama uma dulcificante paragem do bem-estar e da saúde que muitos sanatórios portugueses invejariam".

Actualmente, e após concurso público, o imóvel está entregue à Câmara Municipal de Sintra, desde o ano passado. A CMS exerceu o direito de preferência na aquisição do Hotel Netto (por 600 mil euros), impedindo a Parques de Sintra - Monte da Lua, sociedade onde a câmara detém 15% do capital, da compra do mesmo, já há algum tempo planeada. Segundo Basílio Horta, actual Presidente da CMS, em comentários à Agência Lusa, afirma que "A aquisição do Hotel Netto revela que a Câmara Municipal vai assumir as suas responsabilidades na requalificação do centro histórico da vila de Sintra e em todo o concelho". Diz ainda que o projecto vai assentar num conceito inovador na vila, que possui a notória carência de unidades hoteleiras. "Será um Hostel. Vamos oferecer quartos familiares de seis a oito pessoas, quartos individuais e um conjunto de seis suites do mais luxuoso que há". O autarca acrescenta ainda que, pelo sitio onde está, vai oferecer "alta qualidade, mas com preços que não atinjam os valores", deste nível de unidades.

Resta saber o porquê de ainda não se verem quaisquer indícios de possíveis obras no imóvel. Encontrei um comentário num blog a afirmar que ainda não se teria dado inicio devido aos custos elevados para manter a fachada do hotel. Mas isso não deveria ter sido estudado e avaliado de antemão? Ou queriam/querem
repetir o que fizeram com o Hotel Nunes? Mandar mais um marco abaixo e construir algo que descaracterize o meio?


Foto da chegada ao Hotel Netto, em 1942, de refugiados judeus que Portugal recebeu durante a 2ª Guerra, e distribuiu por Sintra, Estoril, Cascais, Caldas da Rainha, Buçaco, Curia, Foz do Arelho e Figueira da Foz/.Foto blog Beijo da terra













quarta-feira, 15 de abril de 2015

Convento de Nossa Senhora do Castelo das Covas de Monfurado


Por entre montes e vales, e ao fim de alguma poeira derivada de estradas batidas e reviravoltas, lá conseguimos chegar ao tão resguardado "Convento dos Monges". A ditar uma nova parceria, estamos também perante uma exploração com uma vertente religiosa, ainda não abordada neste blog. Passemos então ao que interessa!

Segundo uma história corrente, "Nas Covas de Monfurado, Baltasar da Encarnação, juntamente com mais três anacoretas, cumprira «severa penitência de abstinência e oração», no ano de 1713. O seu exemplo alcançou fama em todo o Alentejo e provocou a piedade de muitos crentes, os quais, vindos ao lugar, fixaram a sua habitação em lapas subterrâneas escavadas nas rochas. Os abrigos que estes utilizavam eram minas romanas que se localizam nas proximidades do actual monumento. A veneração foi crescendo e João de Vilalobos e Vasconcelos cedeu-lhes certas terras na encosta da serra, para edificarem uma residência comunitária que acabaria por tomar o nome de Convento de Nossa Senhora das Covas de Monfurado. A primeira missa foi rezada em 1738 e sofreu muitos estragos com o terramoto de 1 de Novembro de 1755. Foi reconstruido e em 1834 foi abrangido pelo Decreto da extinção das ordens religiosas tendo passado para as mãos de privados. Teve, no entanto, culto até ao inicio do século XX, mais ou menos até à Implantação da República". As casas que existiam em volta do Convento terão sido habitadas até pelo menos aos anos 80 do século XX.

Actualmente, apesar da Natureza ter retomado o seu lugar, ainda mantém grande parte da estrutura conventual original. 



















terça-feira, 7 de abril de 2015

Atlantic Park


E desta vez a estrada leva-nos rumo a um parque aquático que julgo ter sido se não o primórdio, pelo menos um dos! Não reuni qualquer informação, na altura, sobre este parque, apenas sabia a sua localização e como estávamos nas redondezas resolvemos ir satisfazer a curiosidade. Como esperado, pouco ou nada encontrámos naquele cenário a não ser um rasto de tristeza, até ela abandonada, no que se tornou um lugar que aos olhos de muitos, sei-o hoje, nada mais é que o memorando de um aglomerar de tragédias.

 Segundo a TSF, o "Atlantic Park", conhecido naquela época como "Wet and Wild", foi inaugurado em 1991. Compreendia todo o género de escorregas, um Kamikaze, um Rio Grande, uma piscina de mergulho e uma piscina para crianças. O parque tinha também um recinto, onde na época alta se poderia assistir a espectáculos diários. 

Ao longo da pesquisa, fui encontrando suposições e afirmações sobre uma possível morte, de uma criança, que mais tarde veio a ser confirmada (não na sua totalidade, uma vez que apenas há uma referência à região), no seguinte video que vos apresento: 


O "Atlantic Park" foi alvo de incessantes roubos e vandalização, ao longo dos anos, chegando a registar-se um incêndio nas instalações, em 2009. Houve um caso e este sim, confirmado por residentes, de um homem que foi vitima de electrocussão, ao tentar roubar fios de cobre do local.