quarta-feira, 15 de abril de 2015

Convento de Nossa Senhora do Castelo das Covas de Monfurado


Por entre montes e vales, e ao fim de alguma poeira derivada de estradas batidas e reviravoltas, lá conseguimos chegar ao tão resguardado "Convento dos Monges". A ditar uma nova parceria, estamos também perante uma exploração com uma vertente religiosa, ainda não abordada neste blog. Passemos então ao que interessa!

Segundo uma história corrente, "Nas Covas de Monfurado, Baltasar da Encarnação, juntamente com mais três anacoretas, cumprira «severa penitência de abstinência e oração», no ano de 1713. O seu exemplo alcançou fama em todo o Alentejo e provocou a piedade de muitos crentes, os quais, vindos ao lugar, fixaram a sua habitação em lapas subterrâneas escavadas nas rochas. Os abrigos que estes utilizavam eram minas romanas que se localizam nas proximidades do actual monumento. A veneração foi crescendo e João de Vilalobos e Vasconcelos cedeu-lhes certas terras na encosta da serra, para edificarem uma residência comunitária que acabaria por tomar o nome de Convento de Nossa Senhora das Covas de Monfurado. A primeira missa foi rezada em 1738 e sofreu muitos estragos com o terramoto de 1 de Novembro de 1755. Foi reconstruido e em 1834 foi abrangido pelo Decreto da extinção das ordens religiosas tendo passado para as mãos de privados. Teve, no entanto, culto até ao inicio do século XX, mais ou menos até à Implantação da República". As casas que existiam em volta do Convento terão sido habitadas até pelo menos aos anos 80 do século XX.

Actualmente, apesar da Natureza ter retomado o seu lugar, ainda mantém grande parte da estrutura conventual original. 



















terça-feira, 7 de abril de 2015

Atlantic Park


E desta vez a estrada leva-nos rumo a um parque aquático que julgo ter sido se não o primórdio, pelo menos um dos! Não reuni qualquer informação, na altura, sobre este parque, apenas sabia a sua localização e como estávamos nas redondezas resolvemos ir satisfazer a curiosidade. Como esperado, pouco ou nada encontrámos naquele cenário a não ser um rasto de tristeza, até ela abandonada, no que se tornou um lugar que aos olhos de muitos, sei-o hoje, nada mais é que o memorando de um aglomerar de tragédias.

 Segundo a TSF, o "Atlantic Park", conhecido naquela época como "Wet and Wild", foi inaugurado em 1991. Compreendia todo o género de escorregas, um Kamikaze, um Rio Grande, uma piscina de mergulho e uma piscina para crianças. O parque tinha também um recinto, onde na época alta se poderia assistir a espectáculos diários. 

Ao longo da pesquisa, fui encontrando suposições e afirmações sobre uma possível morte, de uma criança, que mais tarde veio a ser confirmada (não na sua totalidade, uma vez que apenas há uma referência à região), no seguinte video que vos apresento: 


O "Atlantic Park" foi alvo de incessantes roubos e vandalização, ao longo dos anos, chegando a registar-se um incêndio nas instalações, em 2009. Houve um caso e este sim, confirmado por residentes, de um homem que foi vitima de electrocussão, ao tentar roubar fios de cobre do local.






















 



sábado, 4 de abril de 2015

Aldeamento Vale Navio


Numa visita recente ao Algarve e com um roteiro especialmente preparado, lá embarquei numa expedição via Vale Navio. Sabia da existência de uma urbanização abandonada, mas nunca imaginei encontrá-la em tamanho estado de degradação. Assoberbada não só pelo tempo, mas igualmente pela mão humana, é palco de inúmeras práticas de airsoft e pelo que observei, abrigo para almas menos afortunadas. Já pouco de belo resta neste espaço que outrora foi um dos primeiros e maiores empreendimentos de "time-sharing" nesta região.




O Aldeamento Vale Navio, detentor de 300 apartamentos e 95 moradias, foi projectado pelo arquitecto Ramos Chaves, em 1972, com o intuito de explorar um conceito com nuances ambientalistas, unificando a natureza e o turismo.




Entre 1985 e 1992, as transacções comerciais de Vale Navio atingiram o pique, sendo ditada como a época da "galinha dos ovos de ouro". A comercialização rendeu cerca de 45 milhões de euros, mas nem 14 milhões chegaram a entrar nas contas da empresa. A restante quantia, movimentada através de empresas "off-shore", desapareceu em comissões de venda e promoção, não entrando sequer em Portugal. Por todos estes motivos e mais alguns, que sempre escapam, mesmo aos olhares mais atentos, este empreendimento estaria, já nesta época, confinado a um futuro pouco risonho. 



Em 1984, o conceito que visava a preservação do meio envolvente passou para segundo plano, tendo sido tomada como prioridade a rentabilização do negócio. O projecto alterou-se, determinando a construção de mais 16 vivendas, dois blocos de apartamentos e um aparthotel, ocupando assim a dita "zona verde" , prevista inicialmente.




Já em 2003 o aldeamento se encontrava entregue ao abandono - janelas e portas arrombadas, o interior das casas vandalizado, jardins maltratados, piscinas sem água. No entanto, nesse mesmo ano, estava a ser construído um aparthotel. "A construção foi licenciada com base num alvará de 1989, mas o edifício está longe do projectado para aquele lugar, já em 1972 - é muito maior. Ao lado, no lote 102, beneficiando também de um alvará, datado de 1984, está previsto um aparthotel, com 124 apartamentos. Estas parcelas de terrenos, alvo dos apetites imobiliários imediatos, tinham sido vendidas antes do início do processo de falência do Vale Navio" (Público, 2003)




Ramos Chaves, o arquitecto que visionou o Vale Navio, nenhuma intervenção teve nesta última fase, afirmando ser "uma tristeza" o desenrolar do processo urbanístico do aldeamento.