A actual Quinta de Paio Correia é resultante da junção de duas
antigas quintas, de seu nome “Casais das Pontes” e “Galegueira”. A casa
senhorial que podem visualizar nas fotografias encontra-se no terreno que,
outrora, era designado de “Casal da Galegueira”. Esta casa, habitada por
diversos anos pela família Moura Borges é, no tempo presente, propriedade
pertencente à família do Dr. Brito Paes, desde que a quinta foi comprada pelo
seu bisavô em 1953/1954.
As notícias inicialmente encontradas acerca desta quinta
datam do século XVIII, com uma sucessão de proprietários da mesma família, até
à data próxima de 1875, altura em que a família Moura Borges tomou posse da
mesma. Foi então, no ano 1900, que terá sido construída a casa senhorial. “Assumindo-se como centro de uma vasta
exploração agrícola, esta casa revela o prestigio da família que a adquiriu,
quer pela estrutura construtiva adoptada (edifício de três pisos), quer pelo
investimento na sua decoração, incluindo bons conjuntos de azulejos pintados à
mão, quer ainda pelos excelentes jardins que a rodeiam, a partir dos quais se
espraiavam os vinhedos” (FONTES, João, “A dos Cunhados Itinerários da
Memória”, 2002, pág. 444).
Entre 1900 e 1940, os eventos culturais realizados na
quinta, as récitas que eram feitas diariamente por um padre que lá residia
(segundo uma residente), e o facto de ser um centro de produção vinícola de relevo,
fizeram dela um espaço de lazer e de convívio para as gentes que habitavam as
povoações mais próximas. “Contudo, a má
gestão e contracção de dividas por parte de herdeiros acabaram por obrigar à
venda da propriedade ao banco Borges & Irmão, tendo actualmente outros
proprietários. O edifício encontra-se hoje bastante arruinado e os espaços
envolventes a necessitar de um maior cuidado.” (FONTES, João, “A dos
Cunhados Itinerários da Memória”, 2002, pág. 445)
Segue-se um excerto retirado de uma tese desenvolvida por
António Borges Vinagre, relativamente a uma futura exploração agropecuária da
Quinta de Paio e Correia:
“No reinado de D.
Afonso III, o abade e prior do Convento do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro,
do Arcebispado de Braga, trocou com aquele monarca propriedade que o dito
mostero tinha nos termos de Lisboa, Alverca, Torres Vedras, Alenquer, Santarém
e Leiria, por propriedades que o monarca tinha no arcebispo de Braga,
Cabeceiras de Basto, etc. Chamava-se o referido abade e prior Payo Peres
Correia, que, presumivelmente, teria dado o nome a esta quinta. Esta
propriedade passou mais tarde para a posse da Casa Lavradio. Com o andar dos
tempos, esta Casa […] viu-se obrigada a largar de mão esta quinta [...] foi comprada então ao 5º Marquês do Lavradio por João Moura
Borges, que a esta quinta juntou, mais tarde, os Casais das Pontes e da
Galegueira e vários pinhais. Durante duas gerações, esta propriedade foi
pertença de sua família, a qual embora possuísse também largos haveres em
Lisboa, em pouco tempo se viu arruinada, devido à má administração dos seus
descendentes. Finalmente, os netos de Moura Borges viram-se obrigados a deixar
ir a quinta à praça. E assim, a actual sociedade proprietária, que emprestara
dinheiro a Moura Borges, com base na hipoteca da propriedade, arrematou-a em
haste pública, em 27 de Novembro de 1932. “
Fotografia datada de 1918 (traseiras):
(Fonte: https://www.facebook.com/TorresVedrasAntiga/photos/pb.1633298730220588.-2207520000.1449099741./1661838510699943/?type=3&permPage=1 )
Fotografia datada de 1955: