quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Quinta Real de Caxias


A Quinta Real de Caxias trata-se de um local parcialmente recuperado pela Câmara Municipal de Oeiras. Considerada uma quinta de recreio, símbolo da arquitectura do século XVIII, reflecte memórias, vivências e narrativas de relevante importância a nível cultural e histórico. Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1953. Inicialmente era utilizado como residência de férias da família real, acabando por, mais tarde, acolher os serviços da Defesa Nacional. Este imóvel é um dos 33 inscritos na primeira fase do Revive, uma iniciativa do Governo, com o intuito de dar uma nova vida a um leque vasto de património público sem utilização, através da exploração turística. 

Foi iniciada a sua construção na primeira metade do século XVIII, a mando do Infante D. Francisco de Bragança, filho de D. Pedro II e D. Maria Sofia de Neuborg, sendo que apenas foi finalizada no inicio do século XIX. O jardim, com inspiração no Palácio de Versalhes, é de traçado geométrico, contém 5 lagos, estátuas de barro e uma cascata, antigamente contemplada com estátuas em terracota, elaboradas por Machado de Castro, um dos escultores com maior influência na Europa, no século XVIII. As estátuas representavam uma cena mitológica, baseada na Deusa Diana a banhar-se junto da gruta onde o seu amado pastor Endimião dormia um sono eterno. Podemos ainda hoje encontrar uma estátua representativa de um guarda romano, munido de escudo, que representava o guardião do recinto sagrado onde se encontrava a deusa Diana. Ainda no jardim, de cada lado encontra-se um pavilhão octogonal, que funcionavam, antigamente, como "Casa do Poço" e "Casa da Fruta". Na entrada para o Paço, temos do lado esquerdo um edifício moderno da Manutenção Militar e À direita o palácio. Relativamente ao Palácio, o maior investimento decorativo encontra-se na fachada principal, "cingida por cunhais rematados por pináculos, virada a ocidente para o pátio interior. Para aceder ao piso nobre, sobe-se uma escada, que dá acesso a um terraço.  A parede exterior que dá para o terraço é aberta por três portas e janelas, sendo a restante fachada coberta por azulejos figurativos, azuis e brancos, do final do período pombalino". Era composto por dois pisos e um sótão. No piso térreo localizavam-se as áreas de apoio. No primeiro andar, as salas organizavam-se em volta de um corredor central e de salas adjacentes. Neste piso encontram-se a Sala da Jantar (Salão Nobre) e o quarto de dormir, as duas divisões do palácio mais ornamentadas, com pinturas nas paredes e nos tectos.

Em 1742, após a morte de D. Francisco, e por ausência de descendentes legítimos, a sua herança foi disputada pelos infantes D. António (irmão) e D. Pedro (sobrinho). D. João V, apelidado de O Magnânimo, decidiu a favor de seu filho, D. Pedro, que se viria a casar com D. Maria I e a reinar como D. Pedro III de Portugal. Assim sendo, ordenou que as obras do Paço fossem continuadas, obras essas que D. Francisco não viu finalizadas no seu tempo de vida.

De 1826 até 1833 o paço esteve abandonado, até ser ocupado por D. Miguel de Bragança, durante alguns meses. Anos mais tarde tornou-se residência de Verão da Imperatriz e Duquesa de Bragança, devido ao seu encantamento pelo sossego da quinta real e das belas vistas do Tejo.

Em 1905, o Paço Real já não era utilizado como residência real, mas a capela ainda era usada no Verão. Em 1908, D. Manuel II, O Patriota, último Rei de Portugal, mandou dividir os terrenos, ficando a parte urbana, composta pelo Palácio e Jardim da Cascata, entregue ao Ministério da Guerra e ocupada pelo Quartel do Campo Entrincheirado de Lisboa, e a parte rústica foi entregue ao Ministério da Justiça e ocupada pela Casa de Correcção.

Nos anos 40, do século XX, o Paço Real comparava-se a um bairro militar, com o seu movimento continuo de oficiais. O Salão Nobre foi utilizado como Sala do Relacionamento e o quarto de dormir como Sala da Selecção de Praças e a capela foi transformada num cinema. A maioria das salas tinha como principal fundamento a formação para oficiais e em 1945 foi demolida uma parede para alargamento de uma sala de aula.

Em 1958, o Instituto de Altos Estudos Militares foi transferido para Pedrouços, deixando assim a Quinta. O Exército ainda continuou a utilizar algumas construções. As casas que se encontram em frente À entrada principal foram usadas como acomodação de famílias de militares. Até 2002, o Palácio serviria de depósito do "arquivo morto" do IAEM.

Em 1985 foi definido um protocolo entre o Estado Maior do Exército e a Câmara Municipal de Oeiras para que a mesma pudesse proceder a recuperação, manutenção e utilização do jardim e cascata. 

Em 1994 iniciou-se um trabalho de recuperação e consolidação das vinte e cinco esculturas de barro que se encontravam no local. O jardim foi aberto ao público em Julho de 1997. As estátuas originais de Machado de Castro encontram-se, actualmente, no Pavilhão da Casa da Nora.

Neste momento, todo o complexo edificado do Paço Real está devoluto e degradado, ainda que seja reconhecido como património histórico-cultural. A propriedade está entregue ao Ministério da Defesa.






















Antigamente: