domingo, 1 de março de 2020

Convento de Almiara/Mosteiro de Verride



Hoje trago-vos o que para mim foi uma surpresa, dado que só tinha um conhecimento parcial do que iria encontrar neste convento, envolto em natureza, o que lhe concede um acrescento de encanto.

A Vila de Verride, pertencente ao concelho de Montemor-o-Velho, encontra-se integrada na área do Baixo Mondego, conhecida, entre outras actividades agrícolas, pelo cultivo de arroz,  prática esta introduzida pelos frades crúzios (da Ordem de Santa Cruz de Coimbra) em Portugal, que sempre esteve associada a esta quinta.

A Quinta de Almiara, onde se enquadra o convento de Almiara, como também é vulgarmente conhecido, está classificada como imóvel de Interesse Público desde 23 de Março de 2000, sendo que em nada alterou a sua condição de preservação inexistente e avançado estado de deterioramento.

 A propriedade quase sempre se encontrou na posse dos cónegos de Santa Cruz de Coimbra, desde o final do século XII até ao desaparecimento das ordens religiosas em 1834. Afonso Gonçalves e sua mulher Belida Soares doaram-lhes as terras onde hoje se encontra o Mosteiro, em 1194. Ao longo dos séculos, registaram-se algumas mudanças de proprietários, mas acabou sempre por retornar aos mesmos. Em 1285 encontrava-se na posse da prioresa do Mosteiro de Santana, e nesse mesmo ano foi vendido ao Prior-mor de Santa Cruz. Desconhece-se em que altura voltou a deixar de lhes pertencer, apenas existe o registo de que em Janeiro de 1572, o prior geral de Santa Cruz, D. Lourenço Leite, comprou a quinta a João Gonçalves Azambuja, e foi construído o convento, onde recebiam os seus religiosos, que até lá se deslocavam, com a finalidade de ali permanecer durante os seus períodos de repouso. Em 1834, quando se findam as ordens religiosas, o mosteiro é colocado em hasta pública e é vendido a particulares. A família Nazaré Barbosa, ao que consta, ainda hoje é detentora deste património.

Segundo um artigo de Natália Quitério que acessei, relativamente ao tema, " De acordo com o jornal Gazeta de Coimbra, de 2 de outubro de 1919, pensou-se que o antigo Mosteiro de Verride seria propício para a instalação de um asilo onde fossem recebidos os filhos e filhas dos militares mortos em combate, na primeira Guerra Mundial, mas rapidamente o espaço revelou-se inadequado tendo-se abandonado essa ideia. A partir desta altura a história do mosteiro perde-se no tempo, e pelas informações que se obtiveram, dos habitantes locais, conseguiu-se saber que entre 1952 e 1954, o mosteiro era ainda habitado, mas após o falecimento do último habitante da casa, esta fora encerrada"

A área envolvente, além da zona conventual/residencial, é constituída por uma capela, cavalariças, celeiro e adega, dispostos em torno de dois pátios. Tem também um antigo pombal. Uma das salas do convento apresenta um fresco no tecto, datado de 1755, que retrata as armas de Portugal e as insígnias da ordem de Santa Cruz. A Capela possui o pouco que resta de painéis de azulejos que representam a vida dos Crúzios e Santo Agostinho.

Pude também apurar que nos anos 90 existiu um projecto para a sua reabilitação, que incidia na conversão do mosteiro numa unidade hoteleira, mas foi inviabilizado pelo IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico), fazendo com que os interessados no espaço desistissem do mesmo, encontrando-se assim, em repleto abandono, como poderão ver pelas fotografias.





















6 comentários:

  1. Obrigado, Catarina por este exelente blog.Dá-nos a conhecer o imenso património abandonado existente neste nosso Portugal.Continue a nos facultar as suas descobertas.Bem Haja.

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  2. Uma quinta da minha terra ao a abandono... É numa tristeza, temos tantas coisas bonitas que se podiam aproveitar

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    1. Verdade Rita! E este é um sacrilégio, pela edificação, localização e principalmente pela representação

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